Impacto da Dominação Colonial em África

Resumo:
Para alguns Africanistas, como L. H. Gann, Peter Duignan e C. Lloyd e outros, afirmaram, em geral, que a influência do colonialismo em África trouxe benefícios e, na pior das hipóteses, que esses não foram prejudiciais a África. Para eles, a colonização proporcionou uma gama de infra-estruturas pela qual assentaram-se as novas administrações nascidas com as independências africanas.
Entretanto, isto não quer dizer que a ocupação colonial foi totalmente positiva. Porque enquanto ajudavam despropositadamente no desenvolvimento, doutro lado havia exploração e opressão, a pilhagem de matérias-primas, o desprezo e racismo, a matança de vidas humanas, e muitos outros males.



Índice
Introdução
Impacto da Dominação Colonial em África
Impactos Positivos
Ao nível político
Ao nível administrativo
Ao nível das consciências e nacionalismos africanos
Impactos Negativos
Ao nível económico
A nível sociocultural
Conclusão
Bibliografia



Introdução 
A invasão, partilha, pilhagem e ocupação efectiva de África pelos Europeus entre os séculos XV-XIX, trouxe numerosas mudanças no âmbito político, económico, sociocultural e várias outras áreas nas populações africanas. Trata-se dos impactos negativos e positivos cujas fazem-se sentir até os dias actuais. Entretanto, neste trabalho de uma forma resumida irá descrever-se estes impactos.
Impacto da Dominação Colonial em África
A questão da dominação colonial em África tem merecido os mais controversos debates da História de África. Alguns Africanistas, como L. H. Gann, Peter Duignan e C. Lloyd e outros, afirmaram, em geral, que a influencia do colonialismo em África trouxe benefícios e, na pior das hipóteses, que esses não foram prejudiciais a África. Para eles, a colonização proporcionou uma gama de infra-estruturas pela qual assentaram-se as novas administrações nascidas com as independências africanas, nomeadamente:
  • O aparelho administrativo; 
  • A rede de estradas ferrovias; 
  • O sistema de telecomunicações; 
  • O serviço básico de educação e de saúde.
    É fácil questionar hoje a lentidão do desenvolvimento económico durante os cinquenta (50) anos de colonização colonial. Não obstante, a diferença entre a condição da sociedade africana no final século XIX e a do final da Segunda Guer-ra Mundial é espantosa. As potências coloniais proporcionaram toda a infra-estrutura da qual dependeu o progresso na época da independência: aparelho ad-ministrativo, aliás eficiente que alcançava as ideias mais remotas, uma rede de es-tradas, de ferrovias e de serviços básicos em matéria de saúde e de educação. As exportações de matérias-primas trouxeram considerável riqueza aos povos da África ocidental.
    Boahem, História Geral de África, p. 788

    Segundo Lloyd, o carácter da influência colonial foi positivo.
    Já os teóricos do subdesenvolvimento e do desenvolvimento consideraram que o efeito positivo do colonialismo em África foi praticamente nulo.
    […] é costume dizer que de um lado havia exploração e opressão, mas que, de outro lado, os governos coloniais fizeram muito pelos africanos e contribuíram para o desenvolvimento de África. Para nós, isso é completamente falso. O coloni-alismo só tem um aspecto, um braço: é um bandido manente.
    In A. Adu, Boahen, História Geral de África:
    a África sob a dominação colonial: 1880-1935, p. 788

    Opinião do historiador guianês negro Walter Rodney sobre o subdesenvolvimento da África.
    Apesar da dialéctica que nos é apresentada, uma questão está clara. O colonialismo trouxe consequências de cariz político, económico sociocultural que podem ser vistas como positivas, logo, benéficas ou então negativas, prejudiciais.

    IMPACTOS POSITIVOS
    Ao nível político
    Ao nível político o primeiro impacto foi a instauração de um grau maior de paz e de estabilidade. Após a ocupação colonial e a implantação dos vários aparatos adminis-trativos, guerras de expansão e de resistência.
    Outros aspectos ao nível político que podia-se considerar positivo, é o novo orde-namento geopolítico dos modernos Estados africanos que se matem até à actualidade. Embora esses territórios tivessem sido criados arbitrariamente e artificialmente, foi desta forma que surgiram estados modernos independentes em África.
    No entanto, no Congo, por exemplo, este processo levou ao surgimento de Esta-dos com superfícies diferentes, como foi o caso do Congo Belga cuja superfície é maior que Burundi e Ruanda (território franceses).

    Ao nível administrativo
    O sistema colonial introduziu em África um novo sistema judiciário e uma nova burocracia ou administração. A estrutura montada contribuiu ainda para o aparecimento de uma classe de funcionários africanos que se foram multiplicando até a actualidade.

    Ao nível das consciências e nacionalismos africanos
    Por último, destaca-se o nascimento do nacionalismo no quadro dos limites das fronteiras coloniais, caracterizado pelo desenvolvimento de certo grau da independência e de consciência entre as classes grupos étnicos que habitavam cada um dos novos esta-dos. Emergiram ainda as elites instruídas que haviam se beneficiado da educação colonial, muitas vezes como filhos ou parentes da elite africana que estava ao serviço da administração colonial (assimilados). Forma que, mais tarde, tomaram consciência da sua pertença, da sua nação e promoveram os movimentos nacionalistas África africanas que anos depois levaram aos Movimentos de Libertação Nacional e às Independências.

    IMPACTOS NEGATIVOS
    O aspecto negativo mais marcante de todo o sistema colonial foi a perda da sobe-rania (autoridade) e independência política e económica dos africanos. Estes o perderam direito de traçar planos de desenvolvimento para os seus países, bem como de participar na tomada de decisões, porque apenas o governo colonial é que ditava as regras de go-vernação. Portanto os africanos impedidos de exercer a sua cidadania no seio dos próprios países.
    Outro aspecto negativo foi o subdesenvolvimento do continente africano e a de-sorganização do sistema social, político e económico das sociedades africanas. Várias comunidades e grupos étnicos e culturais foram divididos pelas fronteiras artificiais, milhares de riquezas africanas foram pilhadas e milhões de pessoas foram mortas arbitra-riamente.
    Foi instituído um sistema judicial que relegou para um plano secundário as leis africanas, embora tenha permitido a integração dos africanos no sistema judicial interna-cional inspirado no direito romano.

    Ao nível económico
    O escoamento de matérias-primas em bruto para Europa e de produtos manufactu-rados para a África obrigou a montagem de uma rede de estradas, portos, aeroportos e ferrovias. E ainda à criação de uma rede de telecomunicações como telégrafos e telefo-nes.
    Com as relações laborais e a existência de trabalhadores assalariados introduziu-se em África a economia monetária que desempenhou um papel catalisador nas relações comerciais entre a Europa e África. Foi a partir desta realidade económica que foram instaladas em África redes bancárias e que se desenvolveram hábitos consumistas, que tendem a agregar-se nesta fase em que o mundo vive globalizado.
    Registou-se também a emigração e imigração entre países africanos, em busca de melhores condições de vida ou na fuga às difíceis condições de exploração como foi o trabalho forçado ou o pagamento dos impostos.

    A nível sociocultural
    Com a colonização, em algumas colónias como as portuguesas deu-se a acultura-ção das populações africanas, sobretudo, como aponta Davidson (1969), citado por Me-lo (1971:51), “a assimilação das raças ditas inferiores, por cruzamentos, pela religião cris-tã, pela mistura dos elementos mais diversos, mesmo a liberdade de acesso às mais altas funções do Estado na Europa (…)”- Esta situação levou ao esmagamento das tradições culturais africanas a favor da cultura ocidental.
    A educação ministrada para as populações ditas indignas contribuiu bastante para implantar a educação ocidental e retardar o pensamento intelectual dos africanos, ensi-nando-os apenas o saber fazer para servir os interesses económicos dos europeus.
    A existência de uma pequena elite africana e a política de assimilação desenvolve-ram em alguns países, sobretudo onde a forma de administração foi a directa, uma polí-tica de discriminação racional caracterizada pela existência de brancos, mestiços e ne-gros.
    Apesar do sofrimento da colonização, a cobrança dos impostos no campo, a po-breza extrema e a procura de melhores condições de vida levaram a número elevado da população camponesa a emigrar para as cidades, culminando com o crescimento destas.
    Os europeus introduziram em África as suas línguas e perduram até hoje como lín-guas oficiais dos africanos ou ainda de unidade nacional, caso de Moçambique, facto que este facilitado pela diversidade das línguas africanas em cada país.

    Conclusão
    Terminado trabalho, concluiu-se para alguns Africanistas, como L. H. Gann, Peter Duignan e C. Lloyd e outros, afirmaram, em geral, que a influência do colonialismo em África trouxe benefícios e, na pior das hipóteses, que esses não foram prejudiciais a África. Para eles, a colonização proporcionou uma gama de infra-estruturas pela qual assentaram-se as novas administrações nascidas com as independências africanas.
    Entretanto, isto não quer dizer que a ocupação colonial foi totalmente positiva. Porque enquanto ajudavam despropositadamente no desenvolvimento, doutro lado ha-via exploração e opressão, a pilhagem de matérias-primas, o desprezo e racismo, a ma-tança de vidas humanas, e muitos outros males.

    Bibliografia
    • NHAMPURO, Telesfero, CUMBE, Graça, História 11ª classe, Plural Editores, Maputo, 2016

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